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Do casal aos filhos: como as Constelações Familiares podem ajudar as famílias

Todo e qualquer relacionamento é, por natureza, troca. Mas na vida de um casal o exercício de dar e receber é, além de constante, muito mais intenso que em qualquer outro. E esta relação de troca é fortemente influenciada por alguns fatores, como a origem e a história familiar de cada um, suas culturas, linguagens, significados e os relacionamentos anteriores que tiveram.

Quando uma pessoa sai de sua família para se unir a outra pessoa e criar uma nova família, nenhum dos dois corta o vínculo de pertencimento com a família original e as situações não resolvidas daquele sistema podem atuar no novo relacionamento, fazendo surgir conflitos entre o casal, mesmo que haja amor.

Olhar para o relacionamento conjugal sob a lente sistêmica, como as Constelações Familiares fazem, pode impulsionar diversos movimentos a favor da vida, solucionando os conflitos.

Aprender a olhar com respeito e profundidade para sua própria origem e a origem do parceiro, renunciar julgamentos, sair do papel de vítima e redescobrir suas próprias virtudes e talentos são benefícios da terapia sistêmica e maneiras de reconhecer que todo relacionamento é uma obra em construção.

Bert Hellinger, principal nome das Constelações Familiares no mundo todo, afirma que “o perfeito não nos atrai e só se pode amar o imperfeito, pois somente dele resulta um impulso de crescimento, não do perfeito”. (1)

Ou seja, a visão sistêmica reconhece que homens e mulheres desempenham funções diferentes dentro de um relacionamento, porém com o mesmo nível hierárquico. Eles precisam um do outro, pois a cada um falta o que o outro tem. Ao oferecer o que o outro precisa e respeitar o lugar e o modo de ser do outro, cada um cresce e ambos alimentam, juntos, a relação.

Muitos entram em uma relação de casal com certas ideias sobre como deve ser o parceiro e, vendo que não são daquela forma, tentam modificá-lo. Bert Hellinger chama isso de “pré-programação do divórcio” e completa: “Quem não é respeitado da forma como é, não pode permanecer – por respeito a si mesmo”. (2)

Sendo assim, é evidente que um relacionamento de casal tem êxito apenas quando o homem respeita a mulher exatamente como ela é e quando a mulher respeita o homem exatamente como ele é. Esse concordar é um movimento do espírito que faz o parceiro se sentir seguro.

Por outro lado, quando uma relação apresenta conflitos e entra em crise, nada mais é que o despertar dos problemas sistêmicos que estavam adormecidos, mas que já existiam em cada um antes mesmo do casal estar junto.

A base da terapia sistêmica entende que não só a carga genética define e torna determinado ser humano único, mas também o campo de energia em que ele cresceu, formado e transferido pelas gerações de sua família. São tendências de emoções, pensamentos e comportamentos hereditários que carregamos e que em algum momento se manifestam.

Ao trabalhar essas questões herdadas do sistema familiar, as Constelações Familiares trazem luz sobre o passado, permitindo novas formas de compreensão sobre as complexas dinâmicas de um relacionamento e evitando que elas não ocorram mais, livrando as futuras gerações.


Terceiro elemento de amor

É no relacionamento entre um homem e uma mulher que a vida se perpetua. Da união e do amor, surge uma terceira vida, um filho, que será amado tanto pelo pai quanto pela mãe, cada um a partir da sua responsabilidade, cumprindo o seu papel.

Esse filho recebe as referências do pai e da mãe, e pega para si como se fosse uma coisa só. Quando o casal se desentende e cai no julgamento dos valores um do outro, o filho também se sente julgado porque não há lugar em sua composição em que algo que veio do pai ou da mãe possa ser excluído. Tudo faz parte, tudo forma o que ele é.

Portanto, não fica difícil perceber que a relação harmônica entre os pais, onde se amam e se respeitam, beneficia não só os próprios filhos, como as futuras gerações que serão perpetuadas por eles.

Por isso, Bert Hellinger defende que o filho vem depois do relacionamento do casal, porque foi o amor entre o casal que fez com que aquele filho existisse, portanto é um sentimento que deve sempre ser honrado. “Como as raízes da árvore sustentam e nutrem os galhos, esse amor nutre e sustenta os filhos”, afirma Bert. (4)

As Constelações Familiares podem beneficiar muitos casais e impactar de forma positiva em saúde, qualidade e profundidade em sua vida a dois e em família. Analisando o relacionamento e a vida a dois sob a visão sistêmica, o casal aprende a incorporar na família que estão constituindo apenas aquilo que é bom para todos, assim como aprende a adaptar tudo o que recebeu de suas famílias para criar o modo de ser e de funcionar, sem necessariamente repetir os erros de suas famílias de origem.

Denisval Pereira
Instituto Vidhas

Denisval é formado em psicologia clínica, com mestrado em psicologia da saúde, hipnoterapeuta e logoterapeuta. Facilitador, palestrante e ministrante de workshops e cursos de formação em Constelação Familiar pelo Instituto Vidhas, onde é também Diretor. Fez Treinamento e Aprofundamento em Constelações Familiares pelo IBHBC e na Escola Hellinger Sciencia em SP, Alemanha e México. É presidente do Instituto Milton H. Erickson de Campo Grande e região MS.


Referências Bibliográficas:
(1) Para que o amor dê certo, Bert Hellinger
(2) O amor do espírito, Bert Hellinger.
(3) A simetria oculta do amor, Bert Hellinger.
(4) A simetria oculta do amor, Bert Hellinger.